MARCHA JUNINA OU ARRASTAPÉ
No final do século XIX até o começo do século XX duas danças foram predileção por todo o país, foram elas: a Quadrilha(1) e a Polca(2). Sabendo disso, Gonzaga aproveitou a oportunidade adquirida através do sucesso do Baião e lançou estrategicamente um gênero musical influenciado nos gêneros criados para acompanhar essas danças que estavam sumidas dos salões e terreiros brasileiros, com o objetivo de atrair o público por meio de sua memória sensorial a consumir um produto supostamente novo que era inspirado por essas danças, contudo, sendo executada dentro de uma sonoridade rural. Sendo assim, Gonzaga lançou na indústria fonográfica a “Marcha Joanina” em 1951(3). Para entender melhor essa tática empregada por Luiz Gonzaga no mercado fonográfico brasileiro, precisamos conhecer um pouco sobre essas danças. A primeira foi a Quadrilha, que segundo alguns pesquisadores(4) seria uma espécie de conjunto indissociável de cinco trechos acomodados aos passos usados nos salões da época, tal como foi a suíte dos séculos XVII e XVIII. Segundo Maria A. C. Giffoni(5) existiam variações distintas de dançar a Quadrilha, sendo assim, dentro desta justificativa ela destacou uma forma específica executada pela corte, denominada: Quadrille de Lanciers (oberserve o vídeo abaixo).
Essa variação era dançada com cinco partes, em andamentos distintos que variavam de acordo com cada parte, sua estrutura estava baseada em 8 tempos, sendo o último tempo mais rápido que os anteriores. Quem também defende essa teoria de várias formas de se dança a Quadrilha, são os musicólogos espanhóis Higino Anglés e Joaquín Pena:
“Uma espécie de quadrilha francesa, introduzida em Paris no início dos s. XIX. Inclui cinco figuras, intituladas calças ou chaine française, été ou avant-dex, o poule, a pastourelle e o boulangère, e inclui duas variedades, a ordinária e a quadrille de lanciers (em castelhano, lanceiros). Este último foi inventado em Paris por Laborde, em 1856, e caracteriza-se por ser executado em pequenos grupos de quatro pares, colocados frente a frente, dois a dois. Às vezes termina com um galope. Os lanceiros foram importados da Inglaterra. Há também a quadrilha americanina, cujas figuras são em grande parte retiradas do cotilhão”.
Devo ressaltar que nos anos 1780, as quadrilhas francesas já haviam se tornado bastante complexas, mas não se espalharam pela Europa até o fim das Guerras Napoleônicas, em 1815. Ela chegou à Inglaterra em 1816 pelas mãos da Condessa de Jersey e logo se tornou uma das danças mais populares entre a nobreza e aqueles que queriam imitá-la. Destaco que mesmo com todos os problemas que a França e a Inglaterra enfrentaram no campo político, foram preservados os nomes dos movimentos da dança em francês. Em suma, ao longo do século XIX, a Quadrilha continuou sendo incrivelmente popular não só na Inglaterra, mas na Europa toda. Novas figuras foram sendo introduzidas, deixando a dança cada vez mais elaborada e fazendo da Quadrilha um dos momentos mais esperados dos bailes vitorianos.
Segundo Maria A. C. Giffoni, posteriormente, ela chegou no Brasil inserida através de várias missões culturais francesas que estiveram no país a partir do século XIX, aproximadamente entre 1831 a 1841, isto é, no período da Regência(6). Ressalto, que durante esse período seu sucesso no Rio de Janeiro foi enorme e secundariamente se espalhou para algumas capitais, como: Recife, Salvador entre outros. Friso, que no ano de 1864, iniciou-se bailes no Clube Pernambucano em que se dançavam quadrilha e galope. Pereira da Costa afirmou que ainda nos primeiros governos republicanos ela era a dança de honra com que se iniciava os bailes oficiais, em lugares afastados dos centros populosos e progressistas. Segundo Maristela Zamoner, registra-se que as figuras da Quadrilha dançada em um baile ocorrido em 19 de setembro de 1840, seriam quase idênticas àquelas dançadas em Vanes, na Europa, no inverno do mesmo ano. Esta observação sugere que houve um aprendizado relativamente atualizado do que se dançava na Europa. Saliento que no “Baile do Paço” de 1852, foram executadas vinte quadrilhas, fato que atesta o quanto era apreciada no país.
Entretanto, na Europa, as quadrilhas começaram a perder espaço nos salões elegantes por volta de 1870, quando outras danças, como a Valsa e a Polca(7)entraram em voga. Quando isso aconteceu, a Quadrilha já era dançada nos bailes públicos de Paris e Viena e marcava presença em festas de casamento da população humilde por quase toda a Europa. No Brasil as quadrilhas vão “sair de moda” já às portas do século XX, contudo, sua influência permaneceu nas danças populares. Pereira da Costa justificou que em virtude talvez de uma rápida popularização, começou a ser observado uma “vulgarização” da Quadrilha(8) na periferia brasileira por volta de 1837, pois ela ganhou numerosas variantes no país, isto é, o historiador pernambucano declarou que essa dança desceu as escadarias do palácio e caiu no gosto da “ralé”. Já Mário de Andrade afirmou que a Quadrilha no seu “formato caboclo”, tornou-se predominante a partir de 1840, perante as outras danças do tempo.
Entretanto, Melo Morais Filho defendeu que foi por volta de 1853 a 1855 que a Quadrilha declinou para o domínio da escória carioca, sendo executada nas folias populares onde começou a passar por um processo de adaptação, que Morais Filho chamou de “formato abrasileirado”. Giffoni respaldou que por meio desta popularidade foram derivadas inúmeras variações de danças que se espalharam por várias regiões do Brasil, sendo até hoje muito populares tanto nas cidades do interior quanto nas grandes capitais. Porém, em cada região ela assumiu aspectos específicos da cultura popular típica da cidade ou estado. A beleza desta dança está justamente nestes aspectos populares e culturais múltiplos e diversos, que enchem a dança de cores, músicas e ricos elementos culturais.
Por exemplo, no interior de São Paulo surgiu a quadrilha caipira; na Bahia e em Goiás, o baile sifilítico; no Brasil Central, o saruê e em Campos RJ, a mana-chica. Vale observar ainda que a Quadrilha influenciou diretamente as danças em fileiras opostas e as contradanças em geral. Ela ainda relatou que muitas danças do fandango empregam a marcação da Quadrilha, a exemplo do que ocorre no pericón e em outros bailes do Rio Grande do Sul. Logo, baseado nos estudos confeccionados pelos pesquisadores citados anteriormente, constitui a hipótese de ter sido gerado pelo menos duas correntes principais que foram subdivididas em variações específicas que ganharam expressões locais, as quais denominei: “correntes urbanas” e “correntes rurais”. Através deste entendimento por exemplo, quando Melo Morais Filho, narrou que o primeiro registro da Quadrilha no seu “formato abrasileirado” foi em 1853, ele está se referindo a uma “variação urbanizada(9)”.
Entretanto, quando Mário de Andrade narrou sobre o “formato caboclo” predominante a partir de 1840, ele está se referindo a uma “variação rural(10)”, conclusão fomentada mediante os relatos dos pesquisadores que narraram demograficamente sobre o tema citado. Por exemplo: Mário de Andrade justificou que ela era uma dança de salão até o século XX e passou a ser também executada em ar livre, nas festas camponesas, como: “Corpo de Deus(11)”, “Folias do Divino” entre outros(12). No interior do Nordeste brasileiro a dança teve uma variação acaboclada, chamada de “Quadrilha Junina”. Ressalto, que esse formato tem características distintas das demais variações, por exemplo, o quantitativo de pessoas para dançar a Quadrille de Lanciers era entre quatro ou seis pares, como informou o coreógrafo(13) britânico Thomas Wilson, em 1808(14); isto é, a justificativa dos aristocratas era que as danças da corte por serem “civilizadas” sua formação limitava-se entre quatro ou seis pares, todavia, as danças dos camponeses por serem “bárbaras” era composta de um número indefinido de pessoas.
Enfatizo, que a Quadrilha Junina é dançada por um número par de casais que varia muito, a depender do quantitativo do grupo social que se encontra no baile. Outra questão distinta entre as variações está na forma de executá-la, isto é, na Quadrilha Junina o primeiro par de cada grupo é o guia, que orienta os demais, e a pessoa que comanda a Quadrilha é chamada de “marcador” que fica dizendo os passos da dança a serem executados pelos seus participantes, entretanto, na Quadrille de Lanciers também tinha uma pessoa que lhe comandava, identificado como: “chamador”, ele determinava os passos da dança, enquanto as pessoas dançavam, isto é, geralmente ele não dançava com os demais só orientava-os. Outra questão relevante, a música da Quadrille de Lanciers era em Rubato(15), todavia, a música da Quadrilha Junina é em Vouta(16), Castagna suspeitou da influência da Quadrilha Americana(17) no período da mineração no Brasil em Minas Gerais, formato de dança rural em compasso 2/4 trazida por europeus. Destaco que essa variação de dançar a Quadrilha citada anteriormente por Castagna, era muito popular em 1890 pelos jovens em Pernambuco(18).
Um ponto em comum das variações citadas é que elas tinham movimentos pertecentes a uma coreografia que era interagida entre os casais com uma progressão para que as pessoas bailassem com todos em seu set. Pereira da Costa afirmou que a Quadrilha caiu no domínio popular de nossa gente e a marcação em francês dos seus passos teve adaptações adoráveis que chegaram a ser transportadas para os salões aristocráticos. Isto significa que aproximadamente no século XIX, os marcadores das Quadrilhas no “formato caboclo” começaram adaptar palavras em francês para o português, como: “anarriê” (en arriere), “balancê” (balancé) e “galope” (gallop) dentre outras. Também afeiçoaram nomes de alguns movimentos para o português, exemplo: “damas ao centro” (chaine des dames), “cavalheiros procuram suas damas” (la grande chaine) e “a grande roda” (le grand quarré). Evidencio que no campo foram acrescentados posteriormente outros movimentos, baseados em suas vivências, como: “olha a chuva”, “olha a cobra” dentre outras.
Mediante pesquisas sobre o tema surge a hipótese que a partir do final do século XIX, no ponto de vista teatral, as Quadrilhas Juninas torna-se uma espécie de ópera popular com enredo e uma ação lúdica realizada através de desfile. Justifica-se que surge um processo de hibridismo cultural neste período, de inspiração erudita, que foi empregada a partir do século XVIII pela Igreja Católica nas encenações de peças religiosas, destinadas ao povo para comemorar festas católicas nascidas na luta da igreja contra o paganismo. Sendo assim, surge o “casamento matuto” uma encenação teatral dentro da Quadrilha Junina, que busca contar a estória de um casamento por meio de valores éticos e morais. Entretanto, no começo do século XX, começou a ser produzida uma forma caricata desta encenação, em ambientes urbanos, como: escolas, clubes e associações culturais; ou seja, foi construído dentro de um imaginário irrisório do campo uma forma de realizá-la.
Enfatizo, que os dançarinos começaram a se vestir com roupas denominadas: “caipiras”, isto é, as mulheres usavam um vestido de chita e faziam uma maquiagem grotesca e amarravam os cabelos com “chiquinhas”, por outro lado, os homens pintavam bigodes e cavanhaques, também usavam camisas quadriculadas e calças com remendos artificiais (para demonstrar visualmente um “pobreza característica do interior”) e por fim, usavam um chapéu de palha para completarem seus adereços. Sendo assim, a Quadrilha passa a ser definida dentro de uma temática cômica, onde será contado uma estória de um casamento realizado nas áreas interioranas do Brasil; ou seja, era uma apresentação com um tom grotesco e marcada por exageros, onde o noivo é praticamente obrigado a casar com a noiva, sob a pressão do pai dela e do delegado da cidade. Posteriormente foi sendo diluído nas periferias essa abordagem caricata e surgiu por meio das comunidades urbanas dentro do período junino, competições através de concursos para definir a melhor quadrilha da região.
Então, na metade do século XX foi definido dois tipos de Quadrilha Junina, são elas: Quadrilha Tradicional(19) e Quadrilha Contemporânea(20). A Quadrilha intitulada “tradicional” é realizada de uma forma espontânea por um grupo social que se encontra nas festas juninas. Todavia, a Quadrilha denominada “contemporânea” tem como objetivo principal produzir uma apresentação artística coreografada. Ela é reconhecida como entidade organizada, logo, tem um nome social e é composta por dançarinos, coreógrafos, figurinistas, costureiras, músicos dentre outros. Friso, que ela também é um veículo para a realização de ações sociais voltadas ao grupo de pessoas ligadas diretamente a elas: as chamadas comunidades. Em suma, a Quadrilha Contemporânea realiza várias apresentações (especialmente durante o São João) e participa de vários concursos, ou seja, as Quadrilhas Contemporâneas são semelhantes (em alguns aspectos) às Escolas de Samba.
Outra dança que influenciou a Marcha Junina foi a Polca. A grande maioria dos pesquisadores(21) concordam que a Polca é de origem da Boêmia (que fazia parte do império áustrohúngaro e atualmente é província da Checoslováquia(22)), chegou à capital Praga em 1837. Ernesto Vieira afirmou(23) que a Polca apareceu pela primeira vez em Paris em 1840, apresentada no teatro Odeon por um dançarino boêmio chamado Rab. Não existe um consenso em relação a data específica da chegada da Polca no Brasil. O maestro e musicólogo paraibano Batista Siqueira, baseando-se em notícia do Jornal do Comércio do Rio de Janeiro (jornal humorístico “Charivari”), informou que a Polca foi bem recebida pelos brasileiros em 1844. Todavia, segundo alguns pesquisadores(24) ela foi introduzida no Brasil em 3 de julho de 1845, no Teatro São Pedro, no Rio de Janeiro RJ.
E segundo Giffoni quem apresentou essa dança pela primeira vez foi o casal Filipe e Carolina Caton (casal que depois realizou um curso para ensinar essa dança) e o par: Vecchi e Farina. Entanto, Mário de Andrade(25) afirmou que a primeira Polca foi dançada no Rio de Janeiro pela atriz Clara del Mastro, no Carnaval de 1846. Independente do ano em que chegou ao Brasil e de quem dançou pela primeira vez, ela tornou-se aos poucos a dança predileta dos brasileiros passando à frente da Valsa. Em 1846, foi fundada a Sociedade Constante de Polca. Em suma, ela começou como dança de salão, entretanto, logo começou a ser executada na periferia tornando-se uma dança eminentemente popular e secundariamente para completar o ciclo, ela se dirigiu para o mundo rural e foi adaptada aos gostos e costumes camponês.
Giffoni ainda afirmou que a Polca por longos anos foi dançada com feições nossas e dela surgiram variações locais, como a Polca Sertaneja, mais ritmada e rápida do que a europeia e o Puladinho. A Polca sertaneja foi muito executada pelas grandes sociedades carnavalescas, fundindo-se com outras danças; exemplo: Polca-lundu, Polca-fadinho, Polca-militar entre outras. Até o início do século XX as Polcas em compasso binário 2/4, com andamento alegre predominaram entre as danças de salão. O músico Floriano de Lemos relatou em uma entrevista no Correio da Manhã (no Rio de Janeiro 28-11-1943) sobre a variabilidade das Polcas no Brasil e sua mistura com outros gêneros(26):
“Dança rápida em compasso binário, nascida da antiga escocesa, sendo apenas casual a semelhança do nome com a polaca. ‘Até o ano de 1903, em que eu tocava muito... as danças cariocas, afora a clássica quadrilha, eram somente a valsa, a polca e o pas de quatre ou schottisch... Além desses três principais tipos de música de baile, havia os dobrados e marchas militares, dos quais se aproximavam algumas polcas, chamadas por isso mesmo ‘polcas militares’, que se dançavam por sinal, fazendo umas continências engraçadíssimas... Mas as polcas, quando muito langorosas, com ritmo especial, recordando um pouco o das danças africanas, tinham o nome de lundus, não sendo porém bem acolhidas na sociedade em geral...”
Concluindo, Luiz Gonzaga aproveitou a oportunidade adquirida através do sucesso do Baião, e optou pela estratégia de criar um conjunto de opções musicais, dentro de um estilo que representasse a cultura sertaneja nordestina brasileira, isto é, ele teve o objetivo de atrair o público migrante nordestino por meio de sua memória sensorial a consumir um produto que foi associado às danças de predileção por todo o país no final do século XIX até o começo do século XX. Sendo assim, Gonzaga estabeleceu através de uma “fricção(27)” destes gêneros citados um novo gênero musical mediante um sotaque nordestino e lançou na indústria fonográfica com o nome de Marcha Joanina em 1951, embora, também foi usado outros sinônimos para identificar o novo gênero ainda em formação de identidade musical, como: arrasta-pé ou marchinha junina.
TEXTO ATUALIZADO - 10/01/2023.
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RODAPÉ
1 De acordo com Rafael Coelho Machado a etimologia da palavra quadrilha deriva do número de dançarinos que, ordinariamente, é composto de quatro pares. Segundo Maria Amália Giffoni, a quadrilha é uma contradança inspirada da “country dance” holandesa e alemã, que foi chamada de Neitherse, e teve seu apogeu no século XVIII na França.
2 A etimologia da palavra – polca derivou-se do termo checo pulka (meio), devido à importância de um passo central em sua coreografia (Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. São Paulo: Art Ed., 1977. v. 2, p. 631).
3 Embora, também foi usado outros sinônimos para identificar o novo subgênero ainda em formação de identidade musical, como: arrasta-pé ou marchinha junina.
4 Rafael Coelho Machado, Pedro Sinzig e Ernesto Vieira.
5 GIFFONI, 1974. p. 34.
6 CORBIN, 2001. p. 300.
7 A Valsa – dança vienense que inicialmente foi uma dança lenta em compasso ternário; a partir de 1870 ou pouco antes surgiu uma modalidade rápida. Foi à primeira dança de salão com o par enlaçado. A Polca – é uma dança originada na Bohemia, cujo nome derivou-se da palavra checa pulka , que significa – meio, devido à importância na dança deste passo em sua coreografia.
8 No formato executado nas festas em Paris para os salões aristocráticos e burgueses do século XIX; que tinham a finalidade de homenagear um santo da Igreja católica (São João).
9 Desnivelada para as camadas médias da sociedade, residentes nos subúrbios das capitais brasileiras, que tinham a prática de danças já “nacionalizadas” e consequentemente realizaram um processo de hibridismo cultural.
10 Típica formação encontrada nos ambientes rurais, nos quais também confeccionou um processo de hibridismo cultural, isto é, transformou-se em dezenas de variações de danças de expressão local, assim como, na música e na coreografia.
11 Festas populares desde o século XVIIII, como afirma uma publicação de 1729 em Braga, pelo Padre Leite da Costa.
12 Com o passar do tempo mudou o nome para “Festa Junina” e estendeu a homenagem para mais dois santos, São Pedro e Santo Antônio.
13 Os burgueses constituíram um conceito de normas de civilidade que descriminavam a forma coerente para usos e costumes. Sendo assim, surgiu na dança um profissional denominado pela elite burguesa de coreógrafo. Ele tinha a função de identificar qual dança era civilizada; ou seja, coerente para a nobreza executar e determinava como seria realizada a cerimônia.
14 Thomas Wilson afirmou: “Uma dança do campo é composta de um número indefinido de pessoas, não menos que seis... mas seis são suficientes para executar qualquer figura no tratado” (An Analysis of Country Dancing. London: W. Calvert).
15 Significa – música que tem mais de um andamento.
16 Significa – música que tem um só andamento.
17 A Enciclopédia da música brasileira não acrescenta maiores informações históricas sobre a quadrilha, confirmando apenas sua chegada ao Brasil (como nos EUA) no início do séc. XIX e sua folclorização em inúmeras danças rurais.
18 Encontramos registro sobre o assunto no periódico “A Epocha”, de 1890, onde há um artigo intitulado “Baile”, dedicado a criticar os bailes e passar a mensagem de que as mães devem preferir ficar com seus filhos. O artigo segue citando que as moças solteiras tem vindo antes dos 15 anos aos bailes, adornadas com broches caros e flores artificiais, preferindo a Valsa Boston e a quadrilha americana a falar corretamente.
19 A Quadrilhe tradicional exige um mínimo de 16 pares.
20 A Quadrilhe Contemporânea pode comportar mais pares que a tradicional.
21 Batista Siqueira, Ernesto Vieira, Luís da Câmara Cascudo, Maria A. C. Giffoni, Mário de Andrade dentre outros.
22 ANDRADE, 1989.
23 VIEIRA, Ernesto. Diccionario musical; op. cit., p. 421.
24 Luís da Câmara Cascudo e Maria A. C. Giffoni.
25 ANDRADE,1989.
26 SINZIG, Pedro. Pelo mundo do som; dicionário musical. op. cit., p. 448.
27 Segundo Acácio Tadeu a expressão ficção, dentro do conceito teórico musical, significa utilizar o conhecimento técnico aplicado em um estilo ou gênero musical e empregar em outro gênero.
REFERÊNCIAS
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min.): 78 rpm, microssulcos, mono.
ICONOGRÁFICAS
Imagem - 01: Pintor - NID.
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