INTRODUÇÃO

QUAIS FATOS INFLUENCIARAM O MOVIMENTO ARTÍSTICO E CULTURAL, FORRÓ?


As informações inseridas neste blog têm por objetivo dialogar sobre um movimento artístico e cultural que criou um discurso de identidade sertaneja nordestina brasileira. Procuraremos compreender, partindo do princípio de que quando falamos sobre Forró Pé de Serra ou Forró de Raiz, estamos nos referindo a tudo aquilo produzido por esse movimento artístico e cultural, seja no plano material ou imaterial, desde artefatos e objetos, até ideais e conceitos, bem como toda habilidade humana empregada socialmente em cada um dos segmentos. É interessante ressaltar que, dentro deste movimento, existem grupos de artistas diferentes que se complementam dentro de seu processo de continuidade.

O historiador paraibano Durval Muniz de Albuquerque Júnior enfatiza que a “elaboração” de um discurso de identidade nordestina não aconteceu de forma ordenada. Ela ocorreu dentro de um processo fragmentário que só se tornou coeso através do ideário regionalista “confeccionado” no Nordeste nas primeiras décadas do século XX. Para que ela se constituísse numa unidade imagética e discursiva, foi necessário que inúmeras práticas e discursos “nordestinizantes” surgissem de maneira dispersa, para serem reunidos num momento subsequente. Esse entendimento ocorreu por meio de uma “costura” de discursos e imagens, influenciada pelas circunstâncias históricas e econômicas do país.

Por meio desses fatos, compreendemos que essa construção de identidade apresentada pelo movimento denominado de Forró Pé de Serra, é um caminho que percorre paisagens distintas das quais originam pesquisas e trabalhos acadêmicos de grande relevância, para levar ao público um entendimento detalhado sobre esse movimento artístico e cultural, com o propósito de reforçar sua importância cultural como patrimônio imaterial. Contudo, existe um hiato no corpo da história da cultura brasileira, pois não há uma historicização detalhada sobre como foi realizado o processo de criação deste movimento, nem sobre quais elementos foram condensados para a criação de um discurso de identidade sertaneja nordestina brasileira. 

Nosso objetivo é ampliar a discussão sobre a construção de um movimento artístico e cultural urbanizado por meio da adaptação da cultura popular sertaneja nordestina aos padrões e gostos urbanos, ressignificando sua tradição e massificando-a, difundida e propagada através da indústria fonográfica no Brasil. Em suma, esse movimento urbanizado deve ser compreendido em sua generalidade a partir do significado do contexto sociocultural, histórico, econômico e essencialmente político. Esse movimento surgiu, a princípio, em repúdio a uma ordem dominadora, buscando progresso social por meio da superação da opressão, desigualdade e exploração de uma parte da sociedade. Sinteticamente, as matrizes desse movimento, em seu primeiro momento, foram uma expressão política de grupos igualitários, que se mobilizaram em defesa de interesses específicos frente a outras classes sociais ou ao próprio Estado por meio das artes. Foi uma mobilização política em torno de questões e interesses de base sociocultural e econômica.

Sendo assim, os conceitos estabelecidos como tradições para o Forró de Raiz foram criados a partir de processos dinâmicos de transformações entre aspectos materiais e imateriais da vida social de um grupo distinto, expressos entre as sociedades contemporâneas por meio das artes, como música, dança, pintura, literatura dentre outros. Entretanto, o conceito de identidade sertaneja nordestina brasileira pregado no início do movimento foi ressignificado por uma nova geração de artistas, que defende o Forró como uma condensação da identidade camponesa brasileira. Esta interpretação do movimento enaltece um sentimento de valorização das origens rurais brasileiras. Esse conceito foi divulgado nas megalópoles europeias e, hoje, este movimento artístico e cultural brasileiro é cultivado em vários países de diferentes regiões geográficas e culturais, como Estados Unidos, China, Alemanha, França, entre outros. Concluindo, para entender a magnitude do tema que abordaremos, precisamos tratar de conceitos lineares e generalidades de fatos históricos que nos permitem ter uma visão mais ampla do pressuposto. 


TEXTO ATUALIZADO EM 02/08/2024.

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REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. A invenção do Nordeste e outras artes, 2°ed. - São Paulo: Cortez, 2009.

BOSCO, S.H.; JORDÃO NETTO. A. Migrações. - São Paulo: SEAGRI, 1967.

GRUZINSKI, Serge. O Pensamento Mestiço. São Paulo: Cia das Letras, 2001.


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