ESTILO MUSICAL

LUIZ GONZAGA E DOMINGUINHOS

ASSOCIAÇÃO DO CONCEITO DE ESTILO MUSICAL COM O PERÍODO MUSICAL 

A partir de 1966 as gravadoras decidiram deixar de ser obrigatório a identificação do gênero musical na capa e no selo do disco (Long Plays), assim como, deixar de ter o reconhecimento da obra, no caso se era canção ou música. Ficando só como informativo o nome da obra e seus compositores e letristas. Entretanto no início da década de 1970, surgiu diversos gêneros e subgêneros no mercado musical criando a necessidade de uma nova categorização, fato que foi discutido na época entre os setores de produção fonográfica e mídia no mundo. Sendo assim, com o intuito de adaptar um novo costume no público consumidor, passaram a associar o conceito de estilo musical defendido pelo musicólogo norte americano Douglass M. Green, com o “período musical”, pois já existia anteriormente um cronograma da industrial cultural, que dividia o mercado musical em períodos durante o ano. No Brasil, existia um cronograma distinto, no início do ano era o período carnavalesco, no meio do ano era o período junino e no final do ano era o período natalino; também existia períodos curtos de consumo, usados pela indústria cultural; como: o dia dos namorados, o dia das mães entre outros. Exemplo fonográfico nos textos exposto nas contracapas de alguns LPs:

“A tradicional festa de São João, coloca-se na vanguarda dos melhores folguedos nacionais. Especialmente no norte e Nordeste, onde as condições de vida do homem, principalmente dos habitantes das cidades vizinhas do interior, fornecem as melhores situações e ambientes para tais comemorações. ... O mês de junho é, como outro qualquer do ano, pleno de trabalho, como todos os meses. Quando chega o dia 23 de junho, véspera de São João, aí sim. Todo morador de arraial, fazenda ou vila, adquire uma consciência festiva. .... A PHILIPS, todos os anos, comparece com seu LP, junino. Aqui está o deste ano.  ... O Lp começa e termina como se estivessemos vivendo um baile de São João na Roça. Muitos vivas! Muitas piadas! E toda graça sertaneja, num dos seus maiores dias... O DIA DE SÃO JOÃO.

Destaco outro texto exposto na contracapa de um LP da gravadora Philips destinado ao período musical carnavalesco:

“Os DISCOS PHILIPS também cuidaram de sua programação para êste grande carnaval de 65. Convocou seus artistas para a gravação dêste LP, que foi realizado com o esmêro cuidado costumeiros. As músicas selecionadas constituir-se-ão, indubitavelmente em sucessos que o povo cantará nas ruas, nos bailes e blocos carnavalescos. .... Com êste LP você guardará para sempre a lembrança imorredoura do grande CARNAVAL, CARNAVAL, CARNAVAL 65!”

Simultaneamente no Estados Unidos o mercado fonográfico passou a mancomunar estilo musical aos segmentos de mercado estabelecidos pelo público consumidor da indústria cultural. Sendo assim, para compreendermos de uma forma didática sobre esse processo iremos contextualizar uma narrativa histórica sobre dois gêneros musicais que posteriormente seus nomes irão torna-se referências para confeccionar estilos musicais que determinaram possíveis gêneros e subgêneros como pertencentes ao seu conjunto. Sendo assim, por meio deste entendimento começamos a abordar que em 1955, surgiu o primeiro grande hit de um novo gênero musical americano, foi a canção “Rock Around the Clock”, que anuncia o filme Blackboard Jungle (Sementes da Violência). Embora Bill Haley tenha gravado em 1954 pela Decca, a canção só foi lançada em 1955 por causa do filme citado. Então na segunda semana de julho de 1955 ela surgiu em primeiro lugar nas paradas de sucessos americanas e ficou oito semanas seguidas na lista da parada de sucesso.

Logo, rotularam que canções semelhantes a Rock Around the Clock pertenceriam ao gênero musical americano – Rock’n’Roll. A partir daí o rock se tornava de todos os tipos de gêneros musicais o mais assíduo frequentador das paradas de sucessos até hoje. Em 1956, despontava Elvis Presley, colocando nada menos do que quatro discos no topo da parada: “Heartbreak Hotel”/“I Was The One” (21/4), “I Want You, I Need You, I Love You”/”My Baby Left Me” (28/7), “Hound Dog”/“Don’t Be Cruel” (18/8) e “Love Me Tender”/“Any Way You Want Me” (3/11). No Brasil, surgiu fonograficamente em 1958 o gênero musical brasileiro denominado: Forró, por meio da canção “Forró no escuro” do compositor e letrista Luiz Gonzaga através da gravada na RCA Victor. Contudo, por causa do sucesso que outro gênero brasileiro (Baião) realizava na época, a canção “Forró no escuro” passou despercebida. Todavia, esse gênero teve uma boa aceitação por um público distinto (os migrantes nordestinos) por ter uma semelhança com gêneros populares, como: o Coco e o Baião. Mas, foi em 1959 com a canção “Mané Gardino” (Elias Soares e Ary Monteiro) que o gênero Forró caiu na graça do povo através do interprete Jackson do Pandeiro.

Em suma, para que os clientes (fãs) continuam-se encontrando os produtos (artistas) de sua preferência com facilidade, surgiu a necessidade de uma nova categorização no início da década de 1970. Sendo assim, utilizaram outra descrição estabelecida nas ciências que estudam a música, chamada de “estilo musical”, para rotular produtos de várias segmentações de mercado. Como esses gêneros tornaram-se referencias dentro de seus segmentos de mercado na indústria fonográfica; as gravadoras utilizaram seus nomes para identificar os respetivos segmentos, logo, do gênero Rock’n’Roll surgiu o estilo Rock e dentro deste estilo musical se encontrava o tradicional Rock’n’Roll; assim como outros gêneros novos, como: Rock Progressivo, Heavy Metal, Hard Rock, Pop Rock dentre outros. Na indústria cultural brasileira pegaram o nome do gênero Forró (que tinha na sua origem o significado de uma festa que contemplava várias danças e músicas) e também colocaram o mesmo termo para o estilo que identificava um segmento da música nordestina brasileira. Sendo assim, dentro deste estilo musical chamado de Forró se encontrava o gênero que tem o mesmo nome, além de outros gêneros, como: Xaxado, Baião, Toada, Xote, Marchinha Junina dentre outros.

Como foi narrado anteriormente no final da década de 1970 inicia-se um processo de triagem dentre os gêneros musicais executados no estilo Forró, levando os compositores, letristas, músicos, cantores dentre outros; serem cautelosos nas suas escolhas de repertório, pois tinham um objetivo em comum, atingir a meta estabelecida pelas gravadoras; ou seja, aquele artista que vendesse a abaixo da “cota” determinada seria dispensado do elenco da instituição. Essa política de mercado contribuiu para um afunilamento de escolhas de gêneros musicais. Sendo assim na década de 1980, sobreviveram a essa triagem os seguintes gêneros: o Baião, o Xote, o Forró, o Xaxado, a Toada e a Marchinha ou Arrasta-pé. Destaco que dois gêneros específicos dentre esses narrados são os menos utilizados nos tempos atuais, são eles: o Xaxado e a Toada.

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REFERÊNCIAS 

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FONOGRÁFICAS

GONZAGA, Luiz. Forró no escuro. São Paulo: RCA Victor, 1958. L. A (Reg. N°801938a), 1 disco (16 min.): 78 rpm, microssulcos, mono.
MONTEIRO, Ary; SOARES, Elias. Mané Gardino. Interpretada por Jackson do Pandeiro. Rio de Janeiro: Columbia, 1959. L. B (Reg. N°3149), 1 disco (16 min.): 78 rpm, microssulcos, mono.

IMAGEM

Figura - Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Foto: NID

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