Os físicos explicam a conexão entre música e dança por meio de fenômenos(1) expressos nas ondas sonoras. Para compreender esses movimentos, abordaremos a explicação física na área da Ondulatória. No passado, acreditava-se que esses fenômenos não possuíam valores fixos. Assim, pesquisadores buscaram na Grandeza Física a possibilidade de atribuir valores específicos à duração do som. Após uma análise cuidadosa, denominou-se esse aspecto como tempo para identificar tais fenômenos. Essa abordagem foi justificada ao descobrir, por meio da Grandeza Vetorial, que os tempos seguem diversas acentuações. Consequentemente, os mais acentuados passaram a ser chamados de fortes, enquanto os menos acentuados foram designados como fracos.
Destaco que, para obter indiretamente o valor da distância, onde foi constatado através de alguns cálculos sobre as medidas efetuadas em outras grandezas. Por meio de cálculos baseados em medidas obtidas em outras grandezas, verificou-se a viabilidade dessa abordagem. Ressalto que essa metodologia de cálculo é conhecida como Medida Indireta.
É relevante ressaltar que podemos contextualizar essa abordagem em um padrão melódico e harmônico identificado nas matrizes do cancioneiro nordestino. Esse padrão foi sintetizado em uma estrutura rítmica urbanizada por Gonzaga, Humberto e Zé Dantas no início da década de 1950, sendo justificado pela análise na Grandeza Vetorial. Vale destacar que essa condição unidimensional provoca no corpo sensações distintas e exerce influência na levada rítmica executada pelos instrumentos.
Como exemplo podemos observar na dança do Xote dentro de um conceito de movimentos geométricos e simétricos, características lineares distintas entre a dança do Xote urbano e o Xote rural, isto é, o Xote urbano carrega uma ascendência corporal através de hábitos expressados pelas danças barrocas, como a Schottisch; entretanto, o Xote rural traz uma ancestralidade por meio de hábitos executados pelas danças sociais indígenas, como o Toré. Para absorvermos esse estudo físico através de deslocações geométricas peço que você escute e sinta uma canção criada dentro da estrutura tradicional; por exemplo a canção “Apologia ao jumento” (Luiz Gonzaga/José Clementino). Depois outra canção constituída no formato influenciado pela MPB a partir da década de 1970; exemplo a canção “Te faço um cafuné” (Zezum).
Em suma, a primeira canção obedece aos padrões melódicos e harmônicos encontrados no cancioneiro nordestino, entretanto, a outra canção é inspirada em outro padrão, onde a melodia assumiu uma função mais central; isto é, ganha mais relevância no gênero, pois ela apoia-se principalmente nos seus intervalos e em sua harmonia latente afirmando uma ideia musical romântica, ou seja, essa estrutura melódica de redundância frequentemente simétrica proporciona movimentos geométricos distintos na dança do xote urbano, diferente das deslocações regulares favorecidas dentro da estrutura rítmica ofertada pelo xote rural. Concluindo, os fenômenos físicos interferem na forma de se dançar, assim como, na forma de executar uma música.
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RODAPÉ
1- Cientificamente – a palavra fenômeno significa acontecimento ou transformação não possuindo sentido de fato extraordinário.
REFERÊNCIA FONOGRÁFICA
CLEMENTINO, José; GONZAGA, Luiz. Apologia ao jumento. In: GONZAGA, LUIZ. Capim Novo. São Paulo: RCA Camden, 1976. L. B (107.0240-B) faixa 6; 1 disco (45 min.): 33 1/3 rpm, microssulcos, mono. 12 pol.
ZEZUM. Te faço um cafuné. In: AYDAR, MARIANA. A Força Do Querer – Vol 1. Vidisco, 2017. 1 disco compacto (35 min.): digital, estéreo. ISRC: 11.80.9886.
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