QUAL FOI O PRIMEIRO FORRÓ REGISTRADO?

Foi-me apresentado um questionamento acerca de qual teria sido o primeiro forró gravado: “Forró na Roça”, de Manuel Queirós e Xerém, registrada em 1937, ou “Forró de Mané Vito”, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, gravada em 1949?


Ao final da primeira década do século XX, as informações presentes nos cabeçalhos das partituras passaram a orientar a padronização adotada pelas gravadoras. A partir desse período, tornou-se obrigatório incluir, nos discos de 78 rpm, informações impressas no rótulo — o adesivo fixado no centro do disco. Esse rótulo consolidou-se como um padrão mercadológico e passou a apresentar, por extenso, o título da canção, o nome do compositor e do letrista, bem como a identificação do gênero musical e a numeração da gravação. Além desses dados, incluía-se a logomarca da gravadora ou do selo, seu endereço e outras informações opcionais consideradas pertinentes por cada empresa.


Retomando a questão inicial, a canção gravada em 1937 por Xerém e Tapuya e sua Tribo, intitulada “Forró na Roça”, não utilizou a palavra forró para indicar um gênero musical. O título remete ao tema da obra — uma festa no campo — e não à categoria musical à qual pertencia. O próprio rótulo do disco identifica a composição como pertencente ao subgênero musical, intitulado “choro sertanejo”, o que confirma que forró ali designava o evento popular, não o gênero (1).

No caso da canção gravada por Luiz Gonzaga em 1949, “Forró de Mané Vito”, é igualmente necessário lembrar que o título da obra não tem a função de definir seu gênero musical, mas sim de indicar seu tema. Assim, trata-se de uma música que descreve a festa promovida por Manoel Vitor. O rótulo desse disco também não apresenta qualquer identificação do gênero musical como forró (2).

Diante disso, surge a pergunta central: qual foi a primeira música registrada oficialmente como pertencente ao gênero musical “forró”?


O primeiro registro identificado como gênero musical forró corresponde à canção “Forró no Escuro”, de Luiz Gonzaga, gravada em 1958 pela gravadora RCA Victor. Nesse caso, o rótulo do disco já apresenta a designação formal do gênero (3).

TEXTO ATUALIZADO - 11/12/2025.


O trabalho deste blog é fomentando por apoio coletivo, sendo assim, se você gostou desta literatura e tem o interesse de ajudar o blog a continuar ofertando conteúdos de pesquisas relacionados ao patrimônio imaterial brasileiro, intitulado de Forró de Raiz ou Pé de Serra. Poderá doar um valor simbólico através do pix: salatieldecamarao@gmail.com, além de deixar seu comentário, inscrever-se, compartilhar e dar um like.


REFERÊNCIAS FONOGRÁFICAS
DANTAS, Zé; GONZAGA, Luiz. Forró de Mané Vito. São Paulo: RCA, 1949. L. B (Reg. N°800668b), 1 disco (16 min.): 78 rpm, microssulcos, mono. 
GONZAGA, Luiz. Forró no escuro. São Paulo: RCA Victor, 1958. L. A (Reg. N°801938a), 1 disco (16 min.): 78 rpm, microssulcos, mono.
QUEIROZ, Manuel; Xerém. Forró na Roça. São Paulo: RCA Victor, 1937. L. B (Reg. N° 34222b), 1 disco (16 min.): 78 rpm, microssulcos, mono. 


IMAGEM
Figura 1 – Rótulo do Disco da música Forró na Roça. 
Figura 2 – Rótulo do Disco da canção Forró de Mané Vito.
Figura 3 – Rótulo do Disco da canção Forró no escuro.


Postar um comentário

0 Comentários